O dólar opera em forte alta nesta segunda-feira (16), reflexo da crescente aversão ao risco e das incertezas fiscais no Brasil. Durante a manhã, a moeda chegou a alcançar R$ 6,09, mas recuou para R$ 6,04 após o Banco Central (BC) intensificar sua atuação no mercado, realizando leilões além dos previstos.
Intervenção do BC
Para conter a disparada da moeda, o BC anunciou na sexta-feira (13) um leilão de linha no valor de até US$ 3 bilhões. Esse tipo de operação, que funciona como um “empréstimo” de dólares às instituições financeiras, busca aumentar a oferta da moeda no mercado, reduzindo a pressão sobre o câmbio.
Além disso, o BC realizou um leilão extra de dólares no mercado à vista, sem compromisso de recompra, injetando US$ 1,63 bilhão — o maior volume desde 2020. Apesar das medidas, o dólar voltou a subir ao longo do dia.
Cotações
Às 15h30, o dólar registrava alta de 0,76%, cotado a R$ 6,0808, com máxima de R$ 6,0980. Na sexta-feira, a moeda já havia subido 0,43%, encerrando a semana com queda de 0,60%, mas acumulando alta de 24,36% no ano.
Movimentos no mercado
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, operava próximo da estabilidade, em queda de 0,03%, aos 124.576 pontos. Na sexta, o índice havia recuado 1,13%, acumulando perdas de 7,13% no ano.
Principais fatores de pressão
O mercado está atento às divulgações econômicas da semana, incluindo a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e a decisão do Federal Reserve (Fed) sobre os juros nos Estados Unidos.
No cenário interno, o Boletim Focus indicou aumento nas projeções de inflação e juros, refletindo preocupações com o impacto do aumento de gastos públicos. A expectativa para a inflação em 2024 subiu para 4,89%, acima do teto da meta de 4,5%, enquanto a previsão para a taxa Selic em 2025 foi elevada para 14%.
Contexto internacional
No exterior, investidores aguardam os próximos passos do Fed, que deve anunciar um corte nos juros esta semana. Apesar disso, a inflação persistente e o crescimento econômico robusto nos EUA indicam que os cortes podem ser mais graduais em 2025.
Com o cenário de incertezas globais e domésticas, a pressão sobre o dólar e o mercado financeiro brasileiro deve continuar nos próximos dias.