Dólar atinge R$ 6,30, mas recua após intervenção do Banco Central; mercado segue atento ao cenário fiscal

O dólar iniciou esta quinta-feira (19) em alta, chegando a ser cotado a R$ 6,30 por volta das 10h10, um recorde no dia. A valorização da moeda americana, no entanto, foi revertida após o Banco Central do Brasil (BC) realizar dois leilões de venda de dólares para conter a desvalorização do real e aumentar a oferta da moeda no mercado.

No primeiro leilão, realizado às 9h30, o BC ofertou US$ 3 bilhões, mas a medida não foi suficiente para estabilizar o mercado. Um segundo leilão foi anunciado às 10h35, com a venda de mais US$ 5 bilhões, o que resultou na queda da cotação do dólar para valores abaixo de R$ 6,20 por volta das 12h.

Segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a intervenção foi necessária devido a uma “saída extraordinária de recursos” do país no fim do ano.

Cenário fiscal gera instabilidade

O foco dos investidores segue no andamento das propostas do governo federal para reduzir os gastos públicos e tentar equilibrar as contas fiscais. Nesta quarta-feira (18), o relator de um dos projetos do pacote fiscal, deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), apresentou seu parecer com alterações em medidas originalmente propostas, como:

  • Amenização nas regras para o Benefício de Prestação Continuada (BPC);
  • Exclusão de mudanças no reajuste do Fundo Constitucional do Distrito Federal.

Essas alterações, conhecidas como “desidratações”, podem comprometer a expectativa de economia de R$ 70 bilhões até 2025 e R$ 375 bilhões até 2030 que o governo havia projetado.

O governo enfrenta pressões para avançar em cortes estruturais, especialmente em áreas como Previdência, saúde, e educação, que têm impacto significativo no crescimento das despesas. No entanto, essas medidas são politicamente sensíveis e vão de encontro a promessas de campanha.

Dólar e Ibovespa no dia

Às 14h18, o dólar operava em queda de 2,14%, cotado a R$ 6,1332. Mesmo assim, a moeda acumula:

  • Alta de 3,85% na semana;
  • Avanço de 4,44% no mês;
  • Valorização de 29,15% no ano.

Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, subia 0,54%, marcando 121.429 pontos. Apesar da alta do dia, o índice acumula:

  • Queda de 3,08% na semana;
  • Perda de 3,90% no mês;
  • Recuo de 10% no ano.

Mercado reage à inflação e decisões do Federal Reserve

Além das questões fiscais, o mercado também repercute o Relatório de Inflação do Banco Central, que confirmou que a meta de 3% para 2024 não será alcançada, sendo descumprida pelo terceiro ano consecutivo.

Outro fator que influencia os mercados é a recente decisão do Federal Reserve (Fed) de reduzir os juros americanos em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 4,25% a 4,50% ao ano. Apesar de positiva para países emergentes como o Brasil, a medida gera incertezas quanto ao impacto da política econômica dos Estados Unidos, especialmente após a reeleição de Donald Trump como presidente.

Expectativas para os próximos dias

O mercado continuará acompanhando o andamento das votações do pacote fiscal no Congresso e os desdobramentos das medidas para controlar o déficit público. Analistas alertam que, sem sinais mais contundentes do governo em relação ao controle de gastos, o real deve permanecer sob pressão, mantendo a volatilidade nos mercados de câmbio e ações.

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