Nesta quarta-feira (11), a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e o ex-presidente Donald Trump se encontraram durante uma cerimônia em homenagem às vítimas dos ataques de 11 de setembro, em Nova York. Ambos trocaram um aperto de mãos educado, marcando o reencontro poucas horas após um debate televisivo realizado pela rede ABC.

Kamala Harris, elogiada por analistas por seu desempenho no debate da noite anterior, estava ao lado do presidente Joe Biden. Já Trump foi acompanhado por seu companheiro de chapa, o senador J.D. Vance.

Além da cerimônia em Nova York, Harris e Biden planejam visitar outros dois locais atingidos pelos ataques: Shanksville, na Pensilvânia, e o Pentágono, em Washington.

Trump alega manipulação no debate

Em entrevista à Fox News nesta quarta-feira, Trump afirmou que o debate havia sido “manipulado” contra ele, embora não tenha apresentado provas para embasar suas alegações. “Era tudo arranjado, como eu já esperava. Você via que eles corrigiam tudo, mas nunca corrigiam ela”, reclamou.

Trump também criticou a cantora Taylor Swift, que recentemente declarou apoio a Kamala Harris. “Eu não sou fã de Taylor Swift. Ela é uma pessoa muito liberal. Sempre apoia os democratas, e isso pode prejudicá-la no mercado”, afirmou.

Primeiro debate entre Kamala Harris e Donald Trump

O debate entre Kamala Harris e Donald Trump, realizado na terça-feira (10), foi marcado por trocas de acusações em questões centrais da campanha presidencial. Harris manteve uma postura assertiva, pressionando Trump em temas como imigração e economia, colocando o ex-presidente na defensiva.

Harris destacou seu histórico como ex-procuradora-geral, respondendo com rapidez às acusações de Trump e buscando se desvincular da imagem de Joe Biden, ao mesmo tempo em que defendia seu governo. Ela afirmou que, apesar das críticas, continuará lutando pelos valores que sempre defendeu.

Segundo o The New York Times, Trump passou boa parte do debate se defendendo dos ataques de Harris, em contraste com o debate anterior, quando o ex-presidente havia adotado uma postura mais ofensiva contra Biden.

Troca de farpas

Trump tentou associar Harris a Biden, afirmando que ela fazia parte do mesmo grupo político. “Ela é Biden. Tenta se afastar dele, mas faz parte de seu governo”, declarou. Em resposta, Harris destacou: “Eu não sou Joe Biden, e com certeza não sou Donald Trump. Quero oferecer uma nova geração de líderes para os americanos.”

Harris criticou a gestão de Trump, acusando-o de deixar o governo com uma alta taxa de desemprego e uma política externa desastrosa, além de ter lidado mal com a pandemia. “Passei os últimos quatro anos limpando a bagunça deixada por Donald Trump”, afirmou a vice-presidente.

Aborto, transgêneros e armas

No debate, Kamala Harris também foi contundente ao falar sobre o direito ao aborto, acusando Trump de querer impor uma proibição nacional. Trump negou e atacou Harris, alegando que ela apoiaria cirurgias de redesignação de gênero em todo o país e que planejava confiscar as armas da população. Harris refutou as acusações, afirmando que ela e seu candidato a vice, Tim Walz, são proprietários de armas e defensores da Segunda Emenda.

“Kamala e eu somos donos de armas. Não vamos tirar seus direitos protegidos pela Constituição, mas queremos evitar que crianças sejam baleadas nas escolas”, afirmou Walz.

Imigração e outros temas

Trump repetiu sua retórica anti-imigração, afirmando que o país estava sendo “invadido” por criminosos estrangeiros. Em um momento controverso, disse que imigrantes estavam “comendo os cachorros dos americanos”, o que provocou uma risada de Harris e foi rapidamente corrigido pelos apresentadores.

A questão racial também foi abordada, com Harris criticando Trump por tentar dividir o país com base em raça. “Não precisamos de alguém que use a raça para dividir os americanos”, disse ela.

Conflitos internacionais

Ao falar sobre a guerra entre Israel e Gaza, Trump afirmou que, se fosse presidente, o conflito nunca teria começado. Ele também disse que a invasão da Ucrânia pela Rússia não teria ocorrido sob sua liderança, mencionando sua relação com Vladimir Putin.

Harris rebateu, dizendo que Trump admira ditadores e que, se ele estivesse no poder, Putin já teria tomado Kiev e a Europa estaria ameaçada. Ela também destacou seu apoio a uma solução de dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina, apesar das críticas que vem enfrentando de ativistas pró-Palestina.

Conclusão

Kamala Harris entrou no debate preparada, após dias de treinamento intensivo, e conseguiu se impor diante de Donald Trump em temas importantes para a corrida presidencial. O confronto entre os dois deixou claro que, apesar das tentativas de Trump de ligá-la a Joe Biden, Harris está empenhada em construir uma imagem própria como líder de uma nova geração nos Estados Unidos.