Na manhã desta quarta-feira (17), uma operação conjunta entre a Polícia Militar e a Prefeitura do Rio de Janeiro na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio, gerou confrontos e bloqueios de ruas. O objetivo era demolir 30 construções irregulares. Durante a ação, o ex-secretário de Juventude do Rio, Salvino Oliveira, foi agredido.
O confronto começou por volta das 14h, quando manifestantes e policiais se enfrentaram próximo à Estrada Miguel Salazar Mendes de Morais. Moradores atearam fogo a objetos e atiraram pedras contra os agentes, que responderam com tiros de borracha e bombas de gás. Três blindados e o Batalhão de Choque foram mobilizados para a área.
Inicialmente, a operação transcorreu pacificamente, apesar dos protestos de trabalhadores locais que reclamavam da demolição de suas barracas. Eles alegaram não ter recebido notificação prévia e que, sem aviso, perderiam seu sustento.
Salvino Oliveira, presente no local para mediar a situação, relatou que a confusão começou devido à oposição. “Fomos lá para tentar entender e ajudar, mas opositores iniciaram uma briga. Os comerciantes saíram daqui com a promessa de que vamos tentar algo junto à prefeitura para que não precisem retornar às construções irregulares”, afirmou Salvino.
Um morador, que preferiu não se identificar, disse ao G1 que a confusão começou após um xingamento de Salvino. Segundo ele, os moradores estavam indignados com o uso da imagem da favela pelo político, que não teria avisado sobre a operação. Salvino é pré-candidato a vereador pelo PSD.
“Muitos moradores investiram em telhados, letreiros e melhorias nas suas lojas. Ver tudo isso destruído foi devastador. O governo alega que a operação visa enfraquecer o tráfico, mas as estruturas relacionadas ao tráfico continuam de pé, enquanto o comércio dos moradores foi destruído”, explicou a testemunha.
Em resposta, Salvino Oliveira afirmou que toda a confusão foi gravada e que as imagens ajudarão a esclarecer os fatos. Durante a operação, vários objetos foram incendiados, incluindo latas de lixo. A Rua Edgar Werneck e a Estrada Miguel Salazar foram interditadas em ambos os sentidos, e a violência se espalhou até a Estrada do Gabinal.
A Operação Ordo, que já prendeu mais de 40 pessoas, é uma tentativa do governo de coibir a disputa territorial entre traficantes e milicianos. Este foi o terceiro dia da operação. Segundo a assessoria do governo do Rio, um lixão clandestino foi desmobilizado e construções irregulares foram demolidas. A Secretaria de Ordem Pública do Rio identificou construções próximas ao rio que impediam a limpeza do canal, contribuindo para enchentes.
Devido às interdições e manifestações, nove linhas de ônibus tiveram seus itinerários alterados:
- Linha 348 (Riocentro x Candelária)
- Linha 550 (Cidade de Deus x Gávea)
- Linha 600 (Taquara x Saens Peña)
- Linha 861 (Rio das Pedras x Curicica)
- Linha 954 (Taquara x Recreio)
- Linha 368 (Riocentro x Candelária)
- Linha 611 (Del Castilho x Camorim)
- Linha 900 (Merck x Downtown – Barra da Tijuca)
- Linha 990 (Merck x Joatinga)
Uma unidade de saúde foi fechada e outras suspenderam visitas domiciliares. A assessoria do governo do estado do Rio de Janeiro não se manifestou sobre as confusões e manifestações, e o G1 ainda aguarda uma resposta da prefeitura.
